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Ainda dá tempo de mudar de carreira?

5 de fevereiro de 2025

Tempo de leitura: 3min


Talvez aquela sensação de estar estagnado ou fora de propósito tenha se intensificado.


Mas o que frequentemente nos paralisa pra fazer mudanças (ou transições) não é a falta de tempo, e sim o medo.

Medo de fracassar novamente, medo de começar do zero, medo do julgamento, medo de demorar a dar certo.



Eu já atendi centenas de pessoas que queriam reescrever a história profissional delas, e eu sempre disse: "Você não vai reescrever, porque não dá pra apagar o que aconteceu ou escrever por cima daquilo. O que você vai fazer é aumentar a história, pra direções que são mais interessantes a partir de agora, pra capítulos que te interessem mais".


E sempre que eu oriento pessoas que já têm algum tipo de experiência profissional, elas trazem junto delas o trauma - que tem algumas pequenas variações:


  • "Se eu errei na minha escolha anterior, isso significa que eu vou errar em todas as minhas próximas escolhas."
  • "Se tá ruim no meu trabalho atual, isso significa que qualquer outro trabalho vai ser ruim também também."
  • "Se eu fracassei no passado, isso significa que eu vou continuar fracassando até o final da vida."


Eu sei, eu sei. A vida é cheia dos seus momentos difíceis. Mas é sério isso: eu nunca conheci um ser humano que só teve momentos difíceis na vida. Até quem acha que só teve momentos ruins na vida teve momentos bons, mas só tem tido olhos pros momentos ruins.


Uma paciente de terapia me disse uma vez: "Se 5% da minha vida estiver com problemas, isso já é suficiente pra contaminar tudo o que tá bom. Eu nem lembro que os 95% bons existem." E é mais ou menos isso que acontece com pessoas que estão feridas profissionalmente: o problema que existe, a dor que foi sentida e o fracasso que foi vivido contaminam todo o resto.


E às vezes a gente só precisa de algumas cutucadas pra nos lembramos que existiram sim outros tipos de experiências na nossa vida:


  • É sério que você nunca teve um minuto de felicidade nas suas atividades profissionais?
  • É sério que você nunca sentiu orgulho de algo que você fez no trabalho?
  • É sério que você nunca venceu um desafio na vida? Nunca aprendeu a conversar? A se relacionar? A usar uma nova tecnologia? A ensinar algo pra alguém? A dar check em uma lista de tarefas? Nunca, nunquinha?


O efeito de perguntas assim é rápido. O nosso cérebro rapidinho começa a flexibilizar: "Tá bom, tá bom, não é assim também... Talvez eu estivesse exagerando um pouquinho..."


E tem outra coisa que eu adoro falar para quem eu oriento:

Se você já venceu algum desafio na vida (passar no vestibular, superar um relacionamento, aprender uma habilidade nova, se mudar de casa, fazer uma apresentação, etc. etc. etc.) isso significa que você tem a capacidade de vencer desafios. A sua vida já te provou isso. E essa não é uma capacidade que existiu e já acabou... essa é uma capacidade sua enquanto pessoa, e você ainda tá vivo pra usar ela.

Eu adoro essa analogia da nossa trajetória profissional como um livro cheio de capítulos. Só não dá pra incluir novas reviravoltas se o livro já chegou ao final. Então, bem, o que você precisa responder é: o seu livro já chegou ao final? Ou você sente que ele ainda não contou tudo o que você gostaria de contar com a sua vida?


Muitas pessoas acreditam que mudar de carreira significa voltar à estaca zero. Mas não é assim. As experiências anteriores, boas ou ruins, moldam nossas habilidades, visão de mundo e a nossa capacidade de adaptação, de vencer desafios. O segredo está em olhar pra nossa bagagem com empatia (eu fiz o melhor com o que eu tinha na época), identificar aprendizados (o que dá pra melhorar?) e construir um plano realista para o futuro (como eu quero que seja o meu próximo capítulo?).


Então, a resposta é: sim, ainda dá tempo. Sempre dá tempo de buscar uma carreira que faça mais sentido pra você. Pelo menos, enquanto você estiver vivo, com o lápis na mão.


Isis Graziele da Silva | CRP 06/142189


Psicóloga e orientadora profissional. Escolheu psicologia porque queria desvendar crimes. Mestre em Psicologia, especialista em Psicologia Jurídica. Tem experiência em consultório e cursinho pré-vestibular. Co-autora de "Pré-vestibular: práticas para psicólogos" e autora de "Por que fazemos selfies?".

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