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"Perfis profissionais" não fazem sentido

1 de outubro de 2020
Tempo de leitura: 6min

A nossa sociedade ainda acredita que as pessoas têm um certo “perfil profissional”. Mas isso não faz o menor sentido, sabe por quê?

Esses perfis são baseados principalmente nas disciplinas que temos na escola: exatas, humanas e biológicas. Mas existem muitos outros assuntos de trabalho no mundo que não aprendemos na escola e que não se encaixam nesses “perfis”. Por exemplo: gastronomia, turismo, jardinagem, esportes, dublagem, remixagem, cidadania, limpeza, vendas, organização, produção de conteúdo, e muitas muitas muitas outras práticas profissionais que não se encaixam em “exatas”, nem em “humanas”, nem em “biológicas”. 

A gente costuma pensar que temos que olhar pra habilidades que já nasceram com a gente e escolher uma profissão que tenha a ver com essas habilidades. E se você não tiver habilidade nenhuma, a sociedade diz que deve olhar para os seus interesses naturais e buscar uma profissão alinhada com eles. Mas quer saber de uma coisa? Nossas habilidades e interesses não nasceram com a gente, eles foram CULTIVADOS. 

As preferências profissionais que você tem hoje dependem muito das experiências que você já teve até agora. E mais: dependam da forma como você interpretou essas experiências! 

Por exemplo: um filho de um médico que vê o pai trabalhando a todo momento e fazendo plantões sem fim pode começar a pensar assim: “Nossa, meu pai trabalha demais! Ele nunca pode descansar! Área de biológicas dá muito trabalho, é muita preocupação, muita responsabilidade. Melhor eu ser da área de exatas, eu vou só fazer aquelas tarefas do dia e vou pra casa descansar, porque vai ser tudo bem exato”. Mas um outro filho de médico pode observar que seu pai tá salvando vidas todos os dias no hospital e pensar: “Uau, esse trabalho é incrível! Eu também vou querer trabalhar na área da saúde pra salvar vidas”

Tá vendo que a interpretação deles sobre a experiência que viveram foi diferente?

Às vezes você nem precisa se inspirar em alguém da família pra ter interesse por determinada área. Você pode, por exemplo, ter ido em excelentes médicos ao longo da vida quando precisava cuidar da saúde e ter se deslumbrado com a área, te fazendo acreditar que a “área de biológicas” é o caminho certo pra você. 

Percebe como as habilidades e interesses que você tem até agora foram cultivados? Talvez você se interesse mais pela tal “área de exatas” porque foi mais estimulado em assuntos exatos e hoje tem mais facilidade com números. Mas se você tem aquelas características que são dadas ao “pessoal de humanas” pode ser porque a sua família e os ambientes em que você esteve estimularam essas características. Então você não é “uma pessoa de humanas” nem “uma pessoa de exatas”. Você é simplesmente uma pessoa que viveu certas experiências que te aproximaram dessas áreas. Mas como seria se você tivesse vivido as experiências contrárias?

Esse assunto tá muito relacionado com a ideia de vocação. A gente acreditar que viemos ao mundo com uma missão bem definidinha. 

Principalmente as habilidades artísticas são consideradas inatas, já percebeu? São chamadas de “talento pra desenho”, “dom da música”, “vocação pra criatividade”. Mas, gente! Uma pessoa só ganhou essas habilidades graças ao ambiente e o interesse que ela foi nutrindo por esse assunto, e aí ela foi aperfeiçoando. Quem tem habilidades artísticas pode usar essas habilidades em outras áreas profissionais que não são artísticas, oras. Ela não tem que escolher uma carreira artística só por já ter essa habilidade desenvolvida. Não vai ser um desperdício se ela decidir que quer seguir outra área. 

A verdade é que a gente não vem ao mundo com uma missão bem definidinha, até porque do nada você pode viver uma mega experiência na sua vida que vai transformar todo o seu jeito de ver o mundo e te fazer querer novas coisas, sabe?

Mais um exemplo: aqui na nossa equipe temos o Roberto Celestino, que sempre foi bom com números e escolheu se formar em Engenharia Elétrica. Atualmente ele é um estudioso da área de tecnologia, e tudo isso tava indo bem alinhado com o tal “perfil de exatas”. Mas quando ele ainda tava na faculdade decidiu que queria estudar mais sobre comunicação também. Fez aulas de teatro, palhaço, improviso e oratória em cursos livres. Hoje ele é palestrante, dá aulas de apresentações em público e tem até dois cursos online que já foram acessados por pessoas de todo o Brasil. Mas comunicação não é uma característica de quem é “de humanas”? Tá vendo que não faz sentido separar as pessoas em caixinhas?

Uma coisa bem legal é que o Roberto ensina pessoas que antes não sabiam se comunicar direito e elas saem dos cursos fazendo excelentes apresentações! Ou seja, elas aprendem habilidades que antes não tinham!

E é a aqui que tá a conclusão: as habilidades que você já tem não determinam a profissão que você deve seguir. Na profissão que você escolher, você pode usar as habilidades que você já tem, claro, mas você também pode desenvolver outras habilidades que forem necessárias pra sua carreira. (Alô, você tá aqui no mundo é justamente pra aprender coisas novas!)

Isis Graziele da Silva | CRP 06/142189

Psicóloga e orientadora profissional. Escolheu psicologia porque queria desvendar crimes. Mestre em Psicologia, especialista em Psicologia Jurídica. Tem experiência em consultório e cursinho pré-vestibular. Co-autora de "Pré-vestibular: práticas para psicólogos" e autora de "Porque fazemos selfies".

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