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Já reparou que às vezes nos esforçamos ao máximo, mas ainda fica parecendo que o que fazemos ou temos não é suficiente? Que a gente nunca chega lá, no ponto alto da perfeição?
E nunca vamos chegar mesmo. Porque a perfeição só existe na nossa imaginação.
É aquela história, né... Ficamos vendo nas redes sociais dos outros como a vida deles é incrível... cheia de festas, de conquistas, de viagens, de lugares bonitos, de comidas deliciosas. E aí IMAGINAMOS que a vida deles é 100% aquilo. É a nossa imaginação enxergando só uma parte da realidade e dizendo pra nós mesmo: “Só a sua vida não é perfeita assim”.
Acontece que, além de ficar mostrando imagens de perfeição pra todo lado que olhamos, a sociedade ainda fica exigindo que a gente siga um caminho que (supostamente) é o de maior sucesso, já viu?
Você termina o Ensino Médio, e vem a cobrança: “Já passou no vestibular?”. Você nem termina a faculdade, já vem a exigência: “Já arrumou emprego?”. Você arruma um emprego, ouve logo em seguida: “Quando vai se casar?”. “Não vai engravidar?”. “Já foi promovido?”. “Não vai ter o segundo filho logo?”. Como somos cobrados!
O problema é que de tanto ouvir essas cobranças desde que nascemos, aprendemos a fazer e-xa-ta-men-te a mesma coisa com nós mesmos. Nos olhamos no espelho e começamos o interrogatório sem fim: “Não vai emagrecer? Esse cabelo não fica igual o das meninas no TikTok. Essas roupas já saíram de moda, hein? E a faculdade, decidiu? Preciso fazer logo uma especialização. Todos os amigos estão se casando, eu tô ficando pra trás.”.
Então além da sociedade nos cobrando, temos nós mesmos nos cobrando. E aí não sobra nenhum momento de paz.
Às vezes queremos ser super-heróis porque desejamos dar o nosso melhor, vencer os obstáculos, e isso é importante. Mas também é importante identificar quando essa cobrança toda tá passando dos limites, né?
Principalmente em momentos de tensão, como o da escolha profissional, vale a pena colocar em volta de você uma cápsula imaginária, em que você bloqueia cobranças que percebe que te atrapalham, e deixa entrar só os comentários que te motivam a ir em frente.
Anota isso aí em letras grandes: pra conquistar qualquer objetivo que você desenhe pra sua vida (seja escolher uma profissão, emagrecer, ou passar mais tempo com quem você ama), você precisa se respeitar fisicamente e psicologicamente no processo. Se não, quando você alcançar o objetivo, pode já estar tão desgastado emocionalmente, tão sem energia por dentro, que não vai conseguir aproveitar o que conquistou.
Já que muitas das nossas escolhas são influenciadas por fatores externos, se não tomarmos cuidado, podemos seguir por caminhos que os outros desejam e que são totalmente diferentes daquilo que queríamos pra nossa vida. E isso é um baita desrespeito com nós mesmos.
Por aqui, por exemplo, a gente ouve muitos jovens contando sobre a pressão familiar pra seguirem por determinada área profissional considerada de prestígio, pra escolher uma profissão de tradição na família ou até pra entrar em alguma faculdade específica. Às vezes, isso acontece até mesmo sem palavras: basta um olhar de aprovação ou um sorriso mais atraente sobre uma determinada profissão pra que a opinião do familiar seja expressada.
Por isso, pensar nas suas próprias necessidades, diferenciar o que é de fato seu desejo e o que é desejo dos outros, e abrir o jogo com quem é importante pra você, são passos tão importantes pra que você possa curtir o seu caminho e sentir que ele é realmente o SEU caminho.
Mais importante do que ficar vasculhando qual é a direção do “sucesso”, é entender o que te dá prazer na vida e sentido pros seus dias. E, claro, como você quer usar a sua própria história pra deixar uma marca no mundo.
Ao invés de se esforçar tanto pra chegar à perfeição e gastar toda a sua energia com isso, pergunte pra você mesmo:
Eu tô sendo um bom amigo pra mim mesmo ou tô deixando o mundo me atropelar?
Quais são os meus valores mais, mais, mais profundos?
Que marca eu realmente quero deixar no mundo?
Melhor do que tentar corresponder às ideias imaginárias sobre a perfeição, finque o pé naquilo que te faz feliz e que te faz se sentir bem com você mesmo. Quando você relaxa e consegue aproveitar o seu próprio jeito de ser, você inspira outras pessoas a fazerem o mesmo. Aí diminuímos a pressão sobre nós mesmos e podemos começar a amar quem nós somos: com todas as nossas necessidades, defeitos e preciosidades pessoais.
Abandonar toda essa exigência de perfeição é um processo diário, mas você pode começar agora mesmo se perguntando: “Como eu posso pegar um pouquinho mais leve comigo mesmo hoje?”.