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O futuro é parte do material de trabalho de uma Orientação Profissional. O jovem deve desenhar um projeto profissional e de vida neste lugar desconhecido que é o FUTURO. Em termos filosóficos, o futuro não existe. Ele é sempre incerto e impossível de prever. O que é possível fazer com ele são reflexões a partir do que temos no presente e estudar as possíveis tendências. Mas é sempre bom lembrar: quando um jovem pergunta “Quais são as profissões do futuro?”, o nosso papel é estar informada sobre o mundo atual e as tendências, mas não assumir uma bola de cristal e indicar previsões certeiras. Talvez o mais importante seja entender qual a demanda por trás dessa pergunta e quais fantasias estão presentes.
Com a globalização e a tecnologia, distâncias e temporalidades se encurtaram e ganharam um novo ritmo, que caracteriza a atual geração e a sua relação com o trabalho. Uma dessas características é a dificuldade em estabelecer os limites entre vida pessoal e profissional e uma busca de aproveitamento de um tempo que está cada vez mais escasso. O termo estadunidense utilizado para caracterizar o atual mundo frenético e incerto é o VUCA, que tudo é cercado por: Volatility (volatilidade), Uncertainty (incerteza), Complexity (complexidade) e Ambiguity (ambiguidade).
A geração atual é marcada pela transição de modelos, no qual velhos modelos ainda existem e novos modelos ainda não se consolidaram. Essa transição faz com que os jovens vivam desafios sociolaborais e culturais ambíguos e contraditórios, que geram mais dúvidas e incertezas do que garantias. Uma das tipificações mais conhecidas das gerações (que vem da Administração e da Psicologia Organizacional) divide os jovens em grandes grupos homogêneos a partir de sua década de nascimento, como estratégia de compreensão das suas vivências:
O mundo atual é mais flexível, heterogêneo e complexo do que nunca, e nosso olhar para a juventude deve acompanhar esse ritmo. Independente das tipificações, ser adolescente hoje é viver em um mundo de transição, com modelos e referências para a construção da vida e da carreira variados, dos mais tradicionais aos mais contemporâneos.
Antigamente trabalhar significava ter uma boa formação, conseguir um bom emprego e mantê-lo até o final da vida, quando receberia uma aposentadoria. Era uma situação que possibilitava certa previsão de futuro. Atualmente, "trabalho" está mais perto de significar: não ter clareza se a formação é suficiente, mudar de emprego constantemente (e por vezes de cidade ou de profissão), não ter segurança e nem estabilidade definitiva. As mudanças fora do âmbito do trabalho também apontam para essa complexidade: as referências de família, gênero, sexualidade, formação e modelo de vida adulta estão igualmente flexibilizadas.
Os desafios se dão para ambas as gerações (de pais e de filhos), pois os jovens não têm referências seguras de modelos da vida adulta e os adultos não conseguem oferecer seus modelos, pois eles não funcionam mais da mesma forma. Essa situação promove, por um lado, o sofrimento e angústia pela falta de referências, mas, por outro lado, propicia um espaço maior de abertura e criação, em termos subjetivos, sociais e profissionais.
Camila Polese de Oliveira | CRP 06/143471
Psicóloga e orientadora profissional. Tem experiência em consultório e atendimento online. No Instituto Viae atua com atendimentos online, produção de conteúdo e desenvolvimento de projetos.