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Quando pensamos no sujeito que faz uma escolha profissional, é necessário compreender que ele não se encaixa necessariamente na categoria da primeira escolha na adolescência, que acontece ao sairmos do Ensino Médio. A escolha profissional é contínua e se refaz em cada momento da vida. Veja em que momentos ela é mais comum:
Adolescência
~ Principais inquietações: incerteza em relação ao futuro, desconhecimento sobre si mesmo, sobre seus interesses e habilidades
~ Características: ansiedade pela oportunidade de escolher sua própria jornada, idealização de áreas profissionais específicas, curiosidade pelas possibilidades
Saída da universidade e entrada no mercado de trabalho
~ Principais inquietações: dúvida se a escolha já realizada foi uma boa escolha, dúvida se está preparado para enfrentar os desafios
~ Características: muitas expectativas de futuro confrontando-se com as percepções que já teve da realidade profissional, podendo resultar em um amadurecimento do planejamento de futuro ou em uma mudança na escolha profissional
Transição de carreira
~ Principais inquietações: dúvida se está preparado para enfrentar os desafios
~ Características: luto de uma escolha anterior e de toda a jornada já percorrida, ansiedade sobre a inserção em um novo campo profissional
Aposentadoria
~ Principais inquietações: dificuldade de lidar com o ócio e com a reorganização de rotina e atividades
~ Características: luto pelas experiências vividas e concluídas, associado, na maioria das vezes, com o processo de envelhecimento
Todos esses períodos são marcados, com mais ou menos intensidade, por crises, adaptações e ajustamentos. Uma das áreas de ajustamento é referente à compreensão do trabalho como forma de ascensão social e realização pessoal, construindo (e reconstruindo, ao longo da vida) a identidade ocupacional. Essa identidade, portanto, não é pré-definida nem corresponde a um “chamado” ou “propósito” simplesmente. Ela é parte de um processo, que está suscetível a variações por influência de maturidade, circunstâncias e novas experiências.
O sujeito que escolhe nunca considera as profissões de forma abstrata, mas sim definidas dentro de um contexto de interação social e mutável ao longo das modificações de suas próprias experiências. Nesse sentido, a identidade profissional é uma co-construção de si, resultante das relações complexas que estabelecemos com os outros e com o mundo. Na construção dessa identidade profissional, buscamos respostas para 3 perguntas básicas:
1# Quem sou eu para mim mesmo? (AUTOCONHECIMENTO)
2# Quem sou eu para os outros? (PERTENCIMENTO SOCIAL)
3# Quem são os outros para mim? (IMPLICAÇÃO SOCIAL)
Assim, no processo de Orientação Profissional não se considera simplesmente os aspectos da personalidade sob um olhar subjetivo, mas principalmente a partir de um olhar da identidade contextual. Esse processo deve instigar no orientando a experimentação de quem ele é no mundo, a compreensão de si e de como os outros o veem, favorecendo um autoconhecimento profundo e contextualizado.
Por tudo isso, o que o orientando precisa para a construção da sua identidade profissional pode ser diferente e bem mais amplo do que o que ele efetivamente busca ao contratar um processo de OP. Ele pode dizer ao orientador que está apenas "buscando escolher um caminho profissional", mas o orientador deve ter em mente que, para que uma escolha seja feita, será necessário analisar múltiplos aspectos pessoais e sociais desse orientando.